domingo, agosto 24

Feira dos Gorazes em Mogadouro (1944)

Há três dias que não param os rebanhos, as manadas, récuas, fatos,varas, ciganada, peleiros, gente da tenda, pobres de pedir. A rua cheira a bodum. Não saio dali porque passa o mundo. Aleijados, caldeireiros, o doutor Adelino de Carviçais, magro, com óculos de ouro, vestido de preto sobre um cavalo preto, guardas, almocreves, sardinheiros, burros com cântaros, burros com caixas, burros com gente.
Por fim vamos nós, acordados de madrugada, viajando no escuro. Embalado pelo chouto da mula, adormeço antes de passarmos as Quintas das Quebradas.