sexta-feira, abril 9

Caminhos


Poupa os sermões e as sugestões, guarda os conselhos. É meu direito de burro velho – o que não toma andadura – desdenhar de miragens e esperanças, e esquecer as que tive. Mas não me lamentes, porque curiosidade ainda me sobra, o mundo ainda me maravilha, o meu próximo continua a ser livro de difícil mas estimulante leitura.

É certo que não deliro com golos ou vitórias, que me interessa menos a batalha ganha do que as causas da derrota e, pelo gosto da paisagem, a excitação das surpresas, o encanto de inesperadas companhias, de bom grado continuarei a meter-me nas longas e inúteis caminhadas que levam a nenhures.

Não me queiras mudar. Não sussurres que há outros caminhos, julgando que me dás novidade ou me evitas o tropeção. Sei-o melhor que tu, e prefiro ir pelo meu.