segunda-feira, junho 14

O engenheiro

Tarde em Moncorvo, vila de ruas íngremes e estreitas. O BMW faz a curva antes da descida, vem um bocadito apressado, aparece contra a mão, recompõe-se, mas a dinâmica é quem manda e raspa o meu carro.

Quarentão azedo, cara de poucos amigos, logo aos gritos sobre a minha pretensa culpa, eu é que tinha saído na curva. Tentei chamá-lo à razão, nada a fazer.

Por motivos que só ele sabia, aumentava os decibéis , erguia os braços ao céu, pedia o apoio dos basbaques, pateava na calçada. Ia eu telefonar à GNR quando de súbito o vejo diante de mim, arroxeado, louco furioso, berrando ao mesmo tempo que me apontava o dedo com o gesto que faria se fosse uma pistola:

- Fique a saber que sou engenheiro da Mota-Engil!

A esta hora já deve ter jantado, mas talvez ainda se pergunte qual terá sido a causa do meu ataque de riso.