segunda-feira, agosto 22

O deus Pan

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É um sentimento entre a vontade de rir, o deixa lá, a irritação que me causam seitas e fanáticos da Natureza, uma atávica, imperdoável – aliás punida pela Justiça – e muito feia vontade de resolver coisas à cacetada.
Isto é maneira de dizer, pois contra estes todos, mais os que a fotografia não mostra, de nada me adiantava o cacete. Fora isso sou pacífico e tenho a ponta de bom senso que em certas ocasiões recomenda a cobardia.
Na verdade, o grotesco desta gente – grande virtude tem a roupa! – que protestava ontem contra a construção de uma incineradora na vizinhança de Clermont-Ferrand, não me aquenta nem arrefenta. Interessa-me, sim, o miúdo do chapéu azul. Na minha ideia tinha o braço direito estendido e estava a pontos de tapar a pilinha, mas o fotógrafo não apanhou o movimento.
Como, e felizmente, a tendência natural é para o decoro, o trauma de ser exposto a tanta feiura em tão tenros anos, por certo deixa marcas no carácter e na sensibilidade. Que Pan, deus dos bosques, da flauta, do instinto animal, e amigo das ninfas, se compadeça dele quando crescer.