quarta-feira, setembro 28

Dão pena

São de pressas, correrias, repentes, febres. Ora deixam de comer carne, ora se lhes torna urgente ir àquela exposição a Madrid, não perder Paris no Outono, "mergulhar" na Natureza.
Uns poucos quilómetros os contentam e, chegados ao cu de Judas, extasiam-se com as badaladas do relógio da igreja, o cacarejar das galinhas, o fontenário, o tosco da calçada , o porco atrás da cerca, o vermelho outonal das parreiras, a anciã vestida de luto.
Falaram com o senhor António do café e, por recomendação dele, uma Felisbela vendeu-lhes  pão caseiro, de sabor extraordinário. Beberam um vinho "incrível". Compraram pêssegos  a uma mulher à beira da estrada, gostaram de vê-la sorrir quando disseram "isto por aqui é muito bonito".
São gente de praças, centros comerciais, de autocarros e estádios,  avenidas, semáforos, prédios de vinte andares. Gente a quem a urbe cortou as antenas da naturalidade. Dão pena.