quinta-feira, dezembro 13

A rua

Passamos e não vemos, que tudo é pressa, frenesim, medos e desespero. A rua é triste. Tantos olhos, outros tantos cegos. Quem atenta no senhor idoso vestido de luto, na mulher trombuda, no rapaz com livros debaixo do braço, na garota que telefona olhando a vitrina, nos dois a conversar  encostados à porta, na fila para o autocarro, nos que saem do café e hesitam para que lado ir? Quem atenta neles?
Também eu passo, olho e não vejo, esquecido dos outros, mal lembrado de quem sou, perguntando-me que faço aqui, que razão me trouxe e se é vida uma inutilidade assim, a pressa que leva a nenhures, a indiferença que nos isola.