sábado, janeiro 10

Tempestade

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Estivesse o tempo soalheiro, eu provavelmente teria a cabeça desanuviada e punha travão às sombras do meu pensar, mas o dia é de escuridão; e rijo, frio, de má cara, o vento sopra do Mar do Norte, encolhe-se-me ao mesmo tempo o corpo e a alma.
As tragédias já são de ontem, retorno ao comezinho, à rotina, às pequeninas coisas que ontem, se por instantes nela tivesse atinado, me teriam parecido absurdas, mas são o que me mantém de pé, me ajuda a esquecer o medo, a dor, a raiva, a ter esperança de que talvez nem todos os amanhãs sejam assustadores como a tempestade que ruge lá fora e, numa raiva insana, tudo parece querer destruir.