quinta-feira, fevereiro 12

50 Sombras de Grey

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Para a estreia, ontem, foram cento e dez mil os holandeses que correram a ver 50 Sombras de Grey, mas numa tão desmesurada percentagem de mulheres que um bom número de cinemas organizou exclusivas Ladies Nights, deixando os homens de fora.
Bom proveito a todos os que, incapazes de imaginação ou sem coragem de se assumir, precisam de sonhos de empréstimo.
Recordando: na Paris da minha juventude havia na Rue d'Anvers uma modesta livraria com um pequeno estoque de literatura erótica. A proprietária e a  empregada, ambas à volta dos trinta, observavam discretamente a pinta de quem folheasse as obras do Marquês de Sade ou se detivesse nas edições ilustradas de Belle de Jour, Vénus dans le Cloître, Le Jardin des Suplices e semelhantes. Se a impressão fosse positiva faziam saber com inteligentes rodeios que, homem ou mulher, o interessado encontraria no primeiro andar os atributos precisos para satisfazer as suas fantasias e, à escolha, uma delas desempenharia o papel desejado.
Fiz uma reportagem que me pareceu sensacional, infelizmente ninguém a quis publicar. Nada ganhei, mas pude dar uma olhadela num mundo genuíno que me deixaria sem curiosidade para as imitações no género 50 Sombras de Grey.